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quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

O pentecostalismo não é um apêndice do Evangelho

29.07.2015

Do portal da CPADNEWS, 26.07.15
Por  Pr. Valmir Nascimento

No ano passado o instituto Pew Research apresentou o resultado de uma pesquisa realizada na América Latina, apontando que a maioria dos protestantes nessa região identifica-se com o Pentecostalismo. Em 18 países e em Porto Rico, 65% de protestantes diz pertencer a uma igreja que é parte de uma denominação pentecostal, ou identifica-se pessoalmente como um cristão pentecostal, independentemente de sua denominação.
Esse fenômeno, chamado pelos especialistas de “pentecostalização”, também faz parte da realidade brasileira. Afinal, o crescimento da população evangélica no Brasil deve-se em grande parte ao desenvolvimento das igrejas de tradição pentecostal. Segundo o Censo/IBGE de 2010 seis de cada dez evangélicos são de igrejas pentecostais, representando o grupo que mais cresceu em relação ao Censo de 2000: passaram de 10,4% em 2000 para 13,3% em 2010.
Se por um lado esses dados nos trazem alegria, com a constatação do florescimento do pentecostalismo moderno -  a partir de 1900, nos Estados Unidos, por Charles Parham, prosseguindo para Los Angeles (na famosa Azusa Street, 312), em 1906, com Willian Joseph Seymour e, finalmente, Chicago, em 1907, com Willian Durham, e depois no Brasil, nos idos de 1910 - por outro, nos chamam também à responsabilidade para o resgate do pentecostalismo clássico, diante do surgimento de práticas, doutrinas e experiências que destoam dos seus postulados bíblicos originais.
Na obra Panorama do Pensamento Cristão Gregory J. Miller escreve que “acentuando a experiência de Deus na conversão e também uma dotação especial pelo Espírito Santo para o serviço e ministério cristãos (Atos 2.4; 1 Coríntios 12), os pentecostais trouxeram energia para o evangelismo e missões mundiais”[1]. Miller ainda diz que:
“devido à forte ênfase em missões, os movimentos pentecostais e carismáticos são agora numericamente maiores fora dos Estados Unidos que dentro. Isto não só tem ajudado a formar a cosmovisão cristã pela “desocidentalização” do cristianismo, mas também legou uma fé vibrante e sobrenatural ao cristianismo global nesta conjuntura importante da história do mundo”.[2]
De igual modo, Rick Nañes assevera que o movimento pentecostal-carismático é um fenômeno, e como corrente eclesiástica que nos dias de hoje acha-se entrelaçada no tecido de muitas nações. De acordo com Nañes, “sua influência tem ajudado a preencher o vazio espiritual frequente de centenas de milhares, trazendo esperança e provendo um escape pelo qual se torna fácil ter uma experiência direta com Deus”[3]. E mais: “Sem sombra de dúvida, o movimento pentecostal-carismático está cumprindo papel decisivo no resgate de multidões das águas congeladas da religião convencional, muitas vezes morta”.[4]
Todavia, o pentecostalismo não deve ser visto simplesmente como “movimento” ou “fenômeno” religioso, caracterizado tão somente pela vivacidade na pregação, pelo “poder no Espírito” ou por seu dinamismo missionário, estribado – apenas e tão somente – na experiência, sem fundamentos teológicos e interpretação bíblica consistente. Erroneamente, há quem afirme, como lembrou Gary McGee, que “o Pentecostalismo é um movimento à procura de uma teologia, como se não estivesse ele radicado à interpretação bíblica e à doutrina cristã”. Ciente dessa realidade, o pentecostalismo tem pegado o caminho do fortalecimento teológico, e por isso, como afirmam James H. Railey Jr e Benny C. Aker, em sua maior parte, a teologia pentecostal encaixa-se confortavelmente nos limites do sistema evangélico.
Somente por meio do fortalecimento bíblico-teológico o pentecostalismo poderá afastar dos seus arraiais as principais ameaças modernas à sua identidade, a saber: o misticismo como fuga da realidade sociocultural; a experiência hedonista e egocêntrica como busca do êxtase espiritual; a antiintelectualidade como aversão ao saber epistemológico; o legalismo e o esquecimento das bases da sua teologia da salvação.
Para tanto, é preciso entender que o pentecostalismo não é um apêndice ou uma versão diferenciada do Evangelho. Ele faz parte do Evangelho do Reino e, como tal, a ele se submete, extraindo os fundamentos e princípios básicos, em sintonia com a tradição cristã.
Logo, um pentecostalismo genuinamente bíblico é também um Pentecostalismo Cristocêntrico. Cristo é a primeira credencial do seu próprio Evangelho. Nem mesmo os mais importantes personagens bíblicos representam o fundamento do Cristianismo, a não ser o próprio Cristo. Ele é o fundamento, a viga-mestra, a pedra de esquina da fé cristã. Quando menosprezamos o senhorio e a soberania de Cristo sobre todas as coisas, desfazemos o cristianismo, transformando-o em uma religião comum (Cl 1.15-17; Fp. 2.9-11; Hb 1.1-2)
Em segundo lugar, o pentecostalismo é bíblico e ortodoxo. Segundo Railey e Aker, os pentecostais levam a sério a operação do Espírito Santo como comprovação da veracida­de das doutrinas da fé, e para outorgar poder à proclamação destas. Esse fato leva frequentemente à acusação de que os pentecostais se baseiam exclusivamente na experiência. Tal acusação não procede; o pentecostal considera que a experiência produzida pela operação do Espírito Santo acha-se abaixo da Bíblia no que tange à autoridade. A experiência corrobora, enfatiza e confirma as verdades da Bíblia, e essa função do Espírito é importante e crucial”[5].
Por essa razão, os autores citados dizem que é importante que o pentecostal tenha uma base e um ponto de referência realmente bíblicos e pentecos­tais[6]Primeiro, deve crer no mundo sobrenatural, especial­mente em Deus, que opera de forma poderosa e revela-se na história, na existência dos milagres e nos outros poderes no mundo sobrenatural, quer angelicais (bons), quer demoníacos (maus), penetram em nosso mundo e aqui operam[7]. “O pentecostal não é materialista nemracionalista, mas reconhece a reali­dade da dimensão sobrenatural”[8].
Desse modo, para superar a falsa compreensão do movimento pentecostal é necessário resgatar o ensino da Palavra e incentivar o ensino teológico de qualidade. Conforme o título do livro de Osiel Gomes, precisamos de “Mais palavra, menos emocionalismo”[9]. Há muito sentimentalismo, espetáculo e confissão positiva sendo propagado em alguns púlpitos e causando danos à igreja, sob o falso título de “mover do Espírito” e pentecostalismo.
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*Valmir Nascimento é ministro do evangelho, jurista, teólogo e mestrando em teologia. Possui pós-graduação em Direito e antropologia da religião. Professor universitário de Direito religioso, Ética e Teologia. Editor da Revista acadêmica Enfoque Teológico (FEICS). Membro e Diretor de Assuntos Acadêmicos da Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure). Analista Jurídico da Justiça Eleitoral. Escritor e palestrante. Comentarista de Lições Bíblicas de Jovens da CPAD (Jesus e o seu Tempo). Evangelista da Assembleia de Deus em Cuiabá/MT.
Referências:


[1] PALMER, Michael D. (Org.). Panorama do Pensamento Cristão.1a.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2001, p. 143.
[2] PALMER, Michael D. (Org.), 2001, p. 144.
[3] NAÑES, Rick, 2007, p. 101.
[4] NAÑES, Rick, 2007, p. 101.
[5] RAILEY JR.; AKER, Benny C. In: HORTON, Stanley M (Ed.), 1996, p. 55-56.
[6] RAILEY JR.; AKER, Benny C. In: HORTON, Stanley M (Ed.), 1996, p. 61.
[7] RAILEY JR.; AKER, Benny C. In: HORTON, Stanley M (Ed.), 1996, p. 61.
[8] RAILEY JR.; AKER, Benny C. In: HORTON, Stanley M (Ed.), 1996, p. 61.
[9] GOMES, Osiel. Mais palavra, menos emocionalismo. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.
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Fonte:http://www.cpadnews.com.br/blog/valmirnascimento/enfoque-cristao/114/o-pentecostalismo-nao-e-um-apendice-do-evangelho.html

quinta-feira, 29 de junho de 2017

PENTECOSTALISMO E PÓS-MODERNIDADE, Entrevista com o pastor César Moisés

29.06.2017
Do  portal da CPAD NEWS,02.06.17


A Editora CPAD lança o livro "Pentecostalismo e Pós-Modernidade", uma reflexão acerca dos caminhos do pentecostalismo neste novo milênio. 

No vídeo, o pastor e jornalista Silas Daniel entrevista o autor da obra, pastor Cesar Moisés, que é pedagogo, professor universitário, comentarista de Lições Bíblicas de Jovens e Chefe do setor de Educação Cristã da CPAD.

Clique aqui e assista a entrevista


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Fonte:https://www.youtube.com/watch?v=uSqVPMHJFRI

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Pentecostalismo, pseudopentecostalismo e antipentecostalismo

21.04.2017
Do portal da CPAD NEWS, 21.03.17
Por pastor Ciro Sanches Zibordi


Ciro Sanches ZibordiConsidero os cristãos cessacionistas — que não creem na continuidade da obra do Espírito Santo tal qual ocorreu nos tempos da Igreja primitiva — meus irmãos e tenho, inclusive, amigos que não concordam com as doutrinas esposadas pelos pentecostais. Mas eu, como cristão pentecostal convicto, considero deselegantes os antipentecostais, já que são extremistas, além de cessacionistas, e não distinguem o pentecostalismo do pseudopentecostalismo. Chamar as aberrações pseudopentecostais de práticas pentecostais revela ignorância, preconceito e deselegância.

Por outro lado, considero igualmente deselegante a afirmação de que todos os cessacionistas são sectários e extremistas, pois muitos deles, a despeito de não aceitarem o pentecostalismo, não colocam pentecostais e neopentecostais no mesmo bojo. Passarei agora a fazer algumas distinções importantes, a fim de que não se confunda pentecostalismo com pseudopentecostalismo.

O que é o pentecostalismo?

Muitos crentes se dizem pentecostais, mas não vivem o que pregam. Eles compõem o pentecostalismo nominal. São teóricos e dificilmente experimentam a sobrenaturalidade do Evangelho. O pentecostalismo é um segmento cristão, biblicocêntrico — já que tem as Escrituras como a sua fonte primária de autoridade —, formado por crentes em Jesus Cristo, verdadeiramente salvos, fiéis, sinceros, que seguem ao que está escrito na Palavra de Deus.

Os pentecostais creem no que a Palavra de Deus assevera acerca da ministração multifacetada do Paracleto: batismo no Espírito como revestimento de poder com a evidência de falar em línguas de modo sobrenatural (At 2; 1 Co 12-14 etc.), o fruto do Espírito (Gl 5.16-23; Ef 5.9-19; Cl 3; 2 Pe 1.4-9 etc.), além de dons congregacionais e ministeriais (1 Co 12.1-11; Mc 16.15-20; 1 Co 14.26, Ef 6.11-15 etc). Eles respeitam o primado das Escrituras, considerando estas a sua regra de fé, de prática e de viver.

O que é o pseudopentecostalismo?

Há também irmãos que se dizem e pensam ser pentecostais, mas não querem abraçar as Escrituras. Estas não são a sua fonte primacial de autoridade. A maioria deles é de neopentecostais, cristãos experiencialistas e ingênuos, que seguem a qualquer manifestação pseudopentecostal sem nenhuma análise, ao contrário dos crentes de Bereia (At 17.11). Para os neopentecostais ou pentecostais mal-orientados, modismos, como “cair no Espírito”, “unção do riso”, “unção do leão” etc., são obras divinas. Mas a Palavra de Deus nos manda julgar, examinar tudo e reter o que é bom, verdadeiro (1 Co 2.15; 1 Ts 5.21; 1 Jo 4.1; 1 Co 14.29; 10.15). 

Existe também o neopentecostalismo apóstata, formado, não por experiencialistas ingênuos, mas por pessoas que já propagaram e defenderam o pentecostalismo bíblico e apostataram da fé. Elas deram ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios (1 Tm 4.1). Propagam heresias e modismos pseudopentecostais, supostas conversas com santos mortos, arrebatamentos em grupo, transferência de unção, “avivamento extravagante” etc. 

O pseudopentecostalismo também subsiste fora do arraial evangélico. E é formado por pessoas não regeneradas, que creem na intercessão dos “santos”, na mediação de Maria, ignorando 1 Timóteo 2.5 e João 14.6, etc. No entanto, a Bíblia nos ensina que o Espírito Santo é dado somente aos que obedecem a Deus (At 5.32). O próprio Senhor Jesus afirmou que o mundo não pode receber o Espírito de verdade (Jo 14.17).

O que é o antipentecostalismo?

Os antipentecostais, diferentemente dos cessacionistas, além de não crerem nas verdades bíblicas esposadas pelos pentecostais, ridicularizam estes. Aliás, é um direito que lhes assiste privar-se da sobrenaturalidade do Evangelho, à disposição de todos os salvos (At 2.39). Mas eles vão mais além e zombam dos crentes que creem na atualidade da manifestação multíplice do Espírito. Eles são extremamente racionalistas e tradicionalistas (cf. 1 Co 2.14,15). 

Reconheço que há um grupo de cessacionistas que diz aceitar apenas uma parte das manifestações do Espírito descritas nas Escrituras. Eles alegam que determinadas operações do Espírito Santo foram apenas para os dias dos apóstolos. Entretanto, os cessacionistas extremistas (antipentecostais) nutrem uma aversão aos pentecostais, chegando a afirmar que estes estão endemoninhados.

Os antipentecostais também se mostram iracundos, irônicos e zombeteiros, a ponto de fazerem gracejos deselegantes com as línguas (que os pentecostais creem ser dadas pelo Espírito Santo) ou chamá-los de 'pentecas'. E mais: alguns antipentecostais têm até desafiado os pentecostais para embates na Internet e os consideram ignorantes, incapazes de refutar as suas argumentações.

Que Deus nos ajude a combatermos o erro de fora e de dentro (At 20.27-30; 2 Pe 2.1,2). E, para fazermos isto de modo honesto e verdadeiro, primeiro temos de saber identificar e distinguir bem todas as coisas, a fim de que não julguemos tudo segundo a aparência, mas “segundo a reta justiça” (Jo 7.24).

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Fonte:http://www.cpadnews.com.br/blog/cirozibordi/apolog%C3%83%C2%A9tica-crist%C3%83%C2%A3/209/pentecostalismo-pseudopentecostalismo-e-antipentecostalismo.html