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quinta-feira, 16 de novembro de 2017

DOUTRINA DA SALVAÇÃO: Compreendendo a Graça Preveniente

16.11.2017
Do portal CPADNEWS, 09.11.17
Por Valmir Nascimento

Valmir NascimentoNa soteriologia arminiana, a graça preveniente é uma doutrina essencial. Graça preveniente é o termo teológico que explica a forma como Deus capacita o homem previamente para que possa atender ao chamado da salvação. Assim como muitas outras doutrinas bíblicas, a exemplo da Trindade e da depravação total, o termo “graça preveniente” não se encontra expressamente[1] nas Escrituras, mas o ensino sim, visto tratar-se de uma categoria bíblica tácita, evidenciada por meio da interpretação sistemática do Texto Sagrado.
A graça preveniente está dentro do retrato maior das Escrituras, a partir da compreensão do trabalho divino para a salvação do homem[2]. Brian Shelton, com razão, afirma que a teologia sistemática examina cada doutrina à luz do maior testemunho das Escrituras para maior coerência ou correção. “Esta é a melhor maneira de testar a nossa interpretação de qualquer doutrina bíblica, incluindo o de nossa capacidade restaurada a crer em Cristo”[3].
Ao captar essa perspectiva H. Ray Dunning aponta, então, que a graça preveniente é “uma categoria teológica desenvolvida para capturar um motivo bíblico central”[4]. Ela é o resultado da análise cumulativa do texto bíblico, tendo como parâmetro as seguintes verdades: a Queda de Adão; a redenção proporcionada por Deus em Cristo; a incapacidade do homem de, e por si mesmo, voltar-se para Deus; a graça de Deus trazendo salvação a – todos –  os homens; o convite para que o homem se arrependa de seus pecados e creia (tenha fé) na obra de Cristo; a atuação de Deus para o convencimento e preparação do coração do pecador e; a possibilidade de resistência pelo homem.
Uma vez harmonizadas, essas verdades bíblicas deixam entrever a veracidade do conceito teológico da graça preveniente.
Etimologicamente, advém do latim gratia praevenians (prae = antes de + venire = venha), ou seja, “graça que vem antes”. Antes de quê? Antes de qualquer coisa no processo de salvação. Daí porque Jeff Paton recorda que muitos outros termos poderiam ser usados para descrever esta obra de Deus, como iniciativa divina, graça anterior e graça preparatória[5].
Em uma definição inicial, portanto, a graça preveniente é o meio pelo qual Deus, antes de qualquer ação humana, atrai graciosamente o pecador e o capacita espiritualmente para que se arrependa e se converta a Cristo. Ela não salva por si só[6], mas apenas permite o arrependimento, criando uma condição favorável para que todos venham a crer (Jo 3.16).
O expositor bíblico Willian Burton Pope afirma que ela “é a única causa eficiente de todo o bem espiritual no homem; do começo, continuação e consumação da religião na alma humana”[7]. Roger Olson[8] expressa que a graça preveniente é a poderosa, porém resistível, atração de Deus para que o pecador se arrependa. Assim, uma pessoa é salva porque Deus iniciou uma relação e habilitou tal pessoa a responder livremente com arrependimento e fé. Desse modo, ninguém pode ser salvo sem o auxílio sobrenatural, do início ao fim, do Espírito Santo, bastando que a pessoa não lhe resista.
Em sua obra Prevenient Grace: God´s provision for fallen humanity, W. Brian Shelton diz que “a doutrina da graça preveniente fornece um link – uma solução – para a lógica desconexão entre a depravação espiritual humana e a necessidade de crer para a salvação”[9].
A graça preveniente, portanto, é o meio pelo qual Deus vai ao encontro do pecador para começar a obra da salvação, atraindo-o e capacitando-o espiritualmente para responder à obra divina. Tal doutrina bíblica ensina que em se tratando de salvação é Deus quem toma a iniciativa de chegar-se ao homem caído, e nunca o contrário, reconhecendo ao mesmo tempo tanto a total depravação humana quanto a possibilidade de o homem resistir a essa oferta graciosa.
Nesse sentido, Jacó Armínio tinha um profundo compromisso com a graça divina, e por isso atribuía a ela a causa principal das bênçãos espirituais. O exame das obras do teólogo holandês seria suficiente para afastar qualquer alegação de que ele teria defendido uma salvação baseada no mérito e na capacidade do livre arbítrio do homem. Armínio tinha total convicção bíblica e factual dos efeitos devastadores decorrentes da Queda no pecado e da completa incapacidade do homem de conseguir o favor divino, seja pensar, querer, ou fazer, por si mesmo, o que é realmente bom, necessitando para tanto da benevolência prévia e contínua de Deus.
Em Declarações de Sentimentos ele escreve:
Mas em seu estado de descuido e pecado, o homem não é capaz de pensar, nem querer, ou fazer, por si mesmo, o que é realmente bom; pois é necessário que ele seja regenerado e renovado em seu intelecto, afeições e desejos, e em todos os seus poderes, por Deus, em Cristo, por intermédio do Espírito Santo, para que possa ser corretamente qualificado para entender, estimar, considerar, desejar e fazer aquilo que realmente seja bom. Quando ele é feito participante dessa regeneração ou renovação, considero que, estando liberto do pecado, ele é capaz de pensar, de querer e fazer aquilo que é bom, mas ainda não sem a ajuda continuada da graça divina.[10]
Desta maneira, atribuo à graça o início, a continuidade e a consumação de todo o bem, de tal forma que, sem a sua influência, um homem, mesmo já estando regenerado, não pode conceber, nem fazer bem algum, nem resistir a qualquer tentação do mal, sem essa graça emocionante e preventiva, que coopera com o homem. Como fica claro a partir desta afirmação, de maneira nenhuma cometo alguma injustiça à graça, atribuindo, como é relatado de mim, uma quantidade excessiva de coisas ao livre-arbítrio do homem. Toda a controvérsia se reduz à solução desta questão: “A graça de Deus é uma certa força irresistível?” Ou seja, a controvérsia não se relaciona às ações ou operações que podem ser atribuídas à graça (pois reconheço e inculco mais dessas ações ou operações do que qualquer outro homem já o fez), mas se refere apenas ao modo de operação, irresistível ou não. Com relação a este tópico, creio eu, de acordo com as Escrituras, que muitas pessoas resistem ao Espírito Santo e rejeitam a graça que lhes é oferecida[11].
Armínio reitera o conceito de graça preveniente presente na história da tradição cristã ao defender o favor divino antecedente que coopera com o homem antes mesmo da sua conversão, excluindo qualquer mérito humano. Evidentemente, ele não propõe uma nova doutrina heterodoxa, mas se vale de um conceito teológico tratado anteriormente na história da cristandade, inclusive pelo próprio Agostinho, e por teólogos do período medieval.
O ponto discordante no ensino da graça preveniente entre Armínio e Agostinho está na forma como se responde à seguinte indagação: “A graça de Deus é uma certa força irresistível?”. Por isso, Armínio é enfático ao dizer que “a controvérsia não se relaciona às ações ou operações que podem ser atribuídas à graça (pois reconheço e inculco mais dessas ações ou operações do que qualquer outro homem já o fez), mas se refere apenas ao modo de operação, irresistível ou não”[12].
Assim, enquanto a teologia agostiniana e calvinista responde de forma positiva à pergunta formulada, para dizer que a graça preveniente é irresistível, Armínio sustenta à luz das Escrituras que a resposta a tal indagação é negativa, sendo a graça preveniente resistível, podendo o homem rejeitá-la.
Em sua perspectiva, conforme escrito em sua Declaração de Sentimentos, “a graça é branda e se mescla com a natureza do homem, para não destruir dentro dele a liberdade da sua vontade, mas para lhe dar uma direção correta, para corrigir a sua depravação, e parar permitir que o homem possua as próprias noções adequadas”[13].
O teólogo holandês é enfático em afirmar que a Queda afastou o homem de Deus, colocando-o em uma “condição de aprisionamento da vontade”. Agora, “a mente do homem é escura, destituída do conhecimento salvífico de Deus e, de acordo com o apóstolo Paulo, incapaz de alcançar as coisas que pertencem ao Espírito”[14] pelo seu próprio esforço. Disso resulta a perversidade das afeições do coração, passando a buscar o que é mal.
Em tal condição, o homem não pode agradar a Deus (Rm 8.7,8), pois o seu coração é, segundo as Escrituras, “enganoso e perverso”, “duro” e de “pedra” (Jr 13.10; Jr 17.9; Ez 36.26), cuja imaginação é “só má continuamente” desde a meninice (Gn 6.5; 8.21). Logo, estando o homem morto em pecado (Rm 3.10-19), segue-se que a “nossa vontade não é livre desde a primeira Queda; ou seja, ele não é livre para o bem, a menos que seja libertado pelo Filho, por meio de seu Espírito”.[15] Isso ocorre quando:
(...) uma nova luz e o conhecimento de Deus e de Cristo e da vontade divina são acesos em sua mente; e quando novas afeições, inclinações e deslocamentos que estão de acordo com a vontade de Deus são incitados em seu coração, e novos poderes são produzidos nele; acontece que, sendo liberto do império das trevas e tendo sido feito agora ‘luz do Senhor’ (Ef 5.8), ele compreende o verdadeiro bem que pode salvá-lo[16].
Consequentemente, essa renovação altera completamente a condição humana e a sua capacidade de escolha. Uma vez que a dureza do coração de pedra é transformada em maciez da carne, e a Lei de Deus de acordo com a aliança da graça é inscrita nele (Jr 31.32, 3), o homem passa a abraçar aquilo que é bom, justo e santo.
Armínio, então, sublinha com vivas cores que “o início da obra de qualquer boa coisa assim como o seu progresso, continuidade e com e confirmação, e ainda além, a perseverança no bem não vêm de nós mesmos, mas de Deus, por meio maravilhoso Espírito Santo, uma vez que ‘aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo’ (Fp 1.6)”[17]. Ele atribui importância tanto à graça subsequente quanto à graça preveniente, ao dizer:
A graça subsequente ou a graça que vem a seguir assiste, de fato, o bom propósito do homem; mas esse bom propósito não teria existência, exceto por meio da graça precedente ou antecipada; E embora o desejo do homem, chamado bom, possa ser assistido pela graça logo que nasce, ainda sim, ele não nasce sem a graça; é inspirado por aquele sobre quem o apóstolo Paulo nos escreve, dizendo: ‘Graças a Deus, que pôs a mesma solicitude por vós no coração de Tito’. É Deus que incita qualquer um a ter ‘solicitude’ por outro; Ele colocará no ‘coração’ de outra pessoa o mesmo sentimento de ‘solicitude’ por Ele”[18].
Logo se vê que a teologia arminiana está encharcada da graça de Deus, seja antes ou depois da decisão do homem, como causa interior da salvação. É, portanto, a graça preveniente que restabelece o arbítrio no homem, a fim de poder entregar-se a Cristo. Nesse sentido, para Armínio a liberdade cristã é o estado de plenitude de graça e verdade em que os crentes ao colocados por Deus, por intermédio de Cristo. A causa eficiente é Deus, que exibe essa liberdade, mas depende do recebimento por parte do homem, mediante a fé em Cristo (Jo 1.12; Rm 5.2; Gl 3.26)[19].
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*Valmir Nascimento é ministro do evangelho, jurista, teólogo e mestrando em teologia. Possui pós-graduação em Direito e antropologia da religião. Professor universitário de Direito religioso, Ética e Teologia. Editor da Revista acadêmica Enfoque Teológico (FEICS). Membro e Diretor de Assuntos Acadêmicos da Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure). Analista Jurídico da Justiça Eleitoral. Escritor e palestrante. Comentarista de Lições Bíblicas de Jovens da CPAD (Jesus e o seu Tempo). Evangelista da Assembleia de Deus em Cuiabá/MT.
NOTAS  E REFERÊNCIAS

[1] SHELTON, Brian W. Preveniente Grace: God’s Provision for fallen humanity. Indiana: Francis Asbury Press, 2014, posição 3443.
[2] SHELTON, 2014, posição 3443.
[3] SHELTON, 2014, posição 3443.
[4] SHELTON, 2014, posição 3475.
[5] PATTON, Jeff. Preveniente Grace. Disponível em: <http://www.eternalsecurity.us/prevenient_grace.htm&gt;. Acesso em 10 de maio de 2016.
[6] SHELTON, 2014, posição 106.
[7] POPE, Willian Burton. Apud: PATTON, Jeff.
[8] OLSON, Roger. Teologia Arminiana: mitos e realidades. São Paulo: Editora Reflexão, 2013, p. 212.
[9] SHELTON, 2014, posição 313.
[10] ARMÍNIO, Jacó. As Obras de Armínio. Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p. 231.
[11] ARMÍNIO, 2015, p. 232.
[12] ARMÍNIO, 2015, p. 232.
[13] ARMÍNIO, 2015, p. 209.
[14] ARMÍNIO, 2015, p. 473.
[15] ARMÍNIO, 2015, p. 475.
[16] ARMÍNIO, 2015, p. 475.
[17] ARMÍNIO, 2015, p. 476.
[18] ARMÍNIO, 2015, p. 477.
[19] ARMÍNIO, 2015, p. 536.
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Fonte:http://www.cpadnews.com.br/blog/valmirnascimento/enfoque-cristao/130/compreendendo-a-graca-preveniente.html

quarta-feira, 8 de março de 2017

REFORMA PROTESTANTE: Pentecostalismo e protestantismo

08.03.2017
Do portal CPAD NEWS, 31.10.16
Por  Valmir Nascimento, Ministro Evangélico Assembleiano*

Valmir NascimentoEm tempos de comemoração do aniversário da Reforma Protestante, que neste ano completa 499 anos, é comum reacender a discussão a respeito de quem faz parte da tradição protestante dentre os grupos do segmento evangélico. É uma espécie de análise do divino direito hereditário ao movimento reformista do início do Século XVI, conduzido em regra por certo elitismo teológico que insiste em monopolizar um evento que combatia esse tipo de postura.
Nesta mesma época do ano passado chamei a atenção para a complexidade e heterogeneidade do movimento reformador, com implicações eclesiásticas, morais, políticas e econômicas. Em seu cerne estava o protesto contra a corrupção religiosa e a venda de indulgências pela igreja, assim como a defesa de que cada cristão pudesse, por si só, ler e compreender as Escrituras. A Reforma combateu, entre outras coisas, a autoridade central e o monopólio clerical como fonte única e oficial de interpretação da Bíblia.
É interessante que ainda hoje aqueles que afirmam possuir a legitimidade para falar em nome da Reforma contrariem esse pressuposto protestante, tentando excluir outros segmentos cristãos que não seguem algum ponto da doutrina que professam, indo além dos cinco solas característicos do protestantismo: Soli Deo Gloria (Glória somente a Deus); Sola Fide (Somente a Fé); Sola Gratia (Somente a Graça); Sola Christus (Somente Cristo); Sola Scriptura (Somente as Escrituras).
Nesse sentido, há quem exclua o pentecostalismo da grande tradição protestante, ao argumento de que o movimento carismático não se enquadra nas bases doutrinas das igrejas históricas. 
Antes de abordar esse aspecto, devo dizer o óbvio ululante, especialmente aos jovens reformados que parecem acreditar nisso: o cristianismo não foi iniciado com a Reforma Protestante! Embora a Reforma tenha sua relevância para a história em geral e para o cristianismo em particular, representando uma correção de percurso na igreja cristã, com significativa contribuição para os avivamentos espirituais que se seguiram, o movimento não pode ser idealizado como a síntese delimitadora da fé cristã. 
Em outras palavras, a Reforma Protestante deve ser estudada, valorizada e considerada historicamente, mas jamais idolatrada. A Bíblia é a chave de interpretação da Reforma, e não o contrário. A Reforma é uma das provas da ação de Deus na história, mas Deus não se limita aos próprios eventos históricos. 
Ainda assim, a tentativa de apropriação desse evento por parte da cristandade deve ser rechaçada. Tal se dá, como escreveu o amigo César Moisés Carvalho, embora falando sobre outra perspectiva, “porque somos cristãos e não há motivo algum para descrer em doutrinas basilares que não são propriedade de nenhuma das expressões do cristianismo, ou seja, não são católicas, evangélicas, ou pentecostais, mas simplesmente cristãs” (1).
Em sua obra “Revolução Protestante” o teólogo anglicano Alister McGrath observa que a fase emergente da Reforma foi sacudida por intensos debates teológicos e divergências marcantes. A respeito da salvação, justificação e predestinação, McGrath diz que, apesar dos embates históricos entre luteranismo, calvinismo e arminianismo, “todas as três permanecem opções relevantes para o protestantismo atual e a passagem do tempo não corroeu a credibilidade de nenhuma delas nem as tensões que geraram no movimento protestante mais amplo. Todas elas afirmam os temas centrais da Bíblia – embora de diferentes formas e com resultado diferentes” (2). Por esse motivo, o teólogo inglês sustenta que o protestantismo pertence à categoria abrangente do escritor C. S. Lewis de “cristianismo puro e simples”, no fato de que compartilha as crenças essenciais do cristianismo como um todo. 
Diante disso, não há como negar a identificação do pentecostalismo com os postulados da Reforma Protestante. No livro já citado McGrath escreve um poderoso capítulo intitulado “Línguas de Fogo: A revolução pentecostal do protestantismo”, no qual enfatiza a vinculação do pentecostalismo com a teologia protestante, ainda que possua distintivos marcantes na ênfase doutrinal e nos padrões de adoração. 
De acordo com o autor, o pentecostalismo emergiu historicamente da tradição de santidade norte-americana e enfatiza o lugar da Bíblia na vida e tradição cristãs. De forma mais contundente McGrath escreve:
“O pentecostalismo deve ser entendido como parte do processo protestante de reflexão, reconsideração e regeneração. Ele não é consequência de uma “nova Reforma”, mas o resultado legítimo do programa contínuo que caracteriza e define o protestantismo desde o seu início. O pentecostalismo, como a maioria dos outros movimentos do protestantismo, fundamenta-se no que aconteceu antes. Seu igualitarismo espiritual é claramente a redescoberta e reafirmação da doutrina protestante clássica do “sacerdócio de todo os crentes”. Sua ênfase na importância da experiência e na necessidade de transformação remonta ao pietismo anterior, em especial, como desenvolvimento na tradição da santidade. Contudo, o pentecostalismo uniu e casou essas percepções em sua própria percepção distintiva da vida cristã e de como Deus é encontrado e anunciado. Ele oferece um novo paradigma marginal e levemente excêntrico pelos crentes da corrente principal; cem anos depois, o pentecostalismo cada vez mais, passa, ele mesmo, a definir e a determinar essa mesma corrente principal”(3).
O pentecostalismo, portanto, longe de contrariar o protestantismo, deu-lhe vigor e dinamismo, por meio do seu programa evangelístico e missionário, aliado à ênfase no Espírito Santo para exaltar e testemunhar o senhorio de Cristo. 
Mas não somente isso, a herança teológica pentecostal é distintamente relevante para reacender o ideal protestante do sacerdócio universal, na medida em que realça o valor da experiência e a convicção de que as narrativas de Atos-Lucas possuem valor normativo para a igreja cristã. Como escreveu Robert Menzies: “As históricas de Atos são as nossas histórias, e as lemos com expectativa e ânsia. História de poder do Espírito Santo, que capacita os discípulos comuns a fazer coisas extraordinárias para Deus” (4).
Referências

1. CARVALHO, César Moisés. Revelação, experiência e teologia. Revista Obreiro Aprovado, n. 75. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, p. 32.
2. MCGRATH, Alister. Revolução protestante. Brasília: Editora Palavra, 2012, p. 266.
3. MCGRATH, Alister, 2012, p. 428.
3. MENZIES, Robert. Pentecostes: Essa história é nossa história. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, posição 305.
*Valmir Nascimento é ministro do evangelho, jurista, teólogo e mestrando em teologia. Possui pós-graduação em Direito e antropologia da religião. Professor universitário de Direito religioso, Ética e Teologia. Editor da Revista acadêmica Enfoque Teológico (FEICS). Membro e Diretor de Assuntos Acadêmicos da Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure). Analista Jurídico da Justiça Eleitoral. Escritor e palestrante. Comentarista de Lições Bíblicas de Jovens da CPAD (Jesus e o seu Tempo). Evangelista da Assembleia de Deus em Cuiabá/MT.
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Fonte:http://www.cpadnews.com.br/blog/valmirnascimento/enfoque-cristao/125/pentecostalismo-e-protestantismo.html